Uma das principais empresas de tecnologia do Brasil, a Softplan acaba de anunciar a divisão de suas operações em duas frentes.
A empresa continuará com a marca Softplan para atender o setor público, onde tem presença consolidada, especialmente nos tribunais de justiça, com sistemas que gerenciam boa parte do Judiciário brasileiro. A novidade é a criação da Starian, que chega para se dedicar exclusivamente ao setor privado.
A Softplan sempre teve uma forte atuação no setor público, com grandes projetos no sistema judiciário e na infraestrutura pública. No setor privado, a empresa já era reconhecida por soluções como o Sienge, na construção civil, e o Projuris, no setor jurídico.
No entanto, as demandas de cada um desses mercados aram a exigir uma atuação mais focada. A divisão das operações foi pensada para permitir que cada parte da empresa atue com mais eficiência em seu respectivo setor.
“A Starian nasce com um grande potencial de crescimento”, diz Ionan Fernandes, CEO da nova marca. “Nosso foco é criar soluções especializadas para diferentes áreas, sempre com o cliente no centro de tudo. Queremos, mais do que nunca, ajudar os negócios a se modernizar.”
No comando da Softplan ficará Márcio Santana, que, apesar de estar há pouco mais de um ano na empresa, já vinha atuando como CEO para todos os clientes do setor público. “Com a separação, conseguimos ser mais ágeis em nossa atuação. O setor público, com suas particularidades e desafios, merece um foco total, e isso vai nos permitir continuar crescendo de maneira sólida e segura”, afirma Santana.
A história
Fundada há 34 anos por três amigos em Santa Catarina, a Softplan começou com o objetivo de desenvolver soluções para a construção civil. O primeiro grande sucesso foi o Sienge, uma das plataformas mais utilizadas no setor da construção civil. Com o tempo, a empresa se expandiu, ando a atender tribunais de justiça e órgãos públicos, com o SAJ, que até hoje gerencia processos judiciais em tribunais como o de São Paulo.
“Desde o começo, focamos em áreas específicas. Quando decidimos trabalhar apenas com o setor público, por exemplo, entendemos que precisaríamos de soluções muito personalizadas. Isso foi o que nos tornou referência nesses segmentos”, explica Santana.
Nos últimos anos, a Softplan experimentou um crescimento acelerado, especialmente após adotar um modelo mais escalável no setor privado, com aquisições de sistemas complementares aos seus como a Oystr, de automação jurídica, e Deep Legal, de big data.
Em 2020, a empresa registrou um faturamento de cerca de 300 milhões de reais, com 60% vindo do setor público e o restante do privado.
A transição para um modelo SaaS puro, focado no setor privado, impulsionou esse crescimento, que saltou para 800 milhões de reais em 2024. O aumento significativo foi impulsionado pela verticalização e pelas aquisições realizadas, com o setor privado representando mais de 50% do faturamento.
A meta para 2025 é superar a marca de 1 bilhão de reais de receita líquida, somando Softplan e Starian. Até o fim da década, a ambição é que ambos os negócios faturem 1 bilhão separadamente, afirmam Fernandes e Santana.
A nova marca
O conceito por trás da marca Starian está em criar ecossistemas especializados e interconectados que atendem as necessidades de diferentes setores de forma profunda e eficiente. O nome Starian foi escolhido para refletir a ideia de orientação e transformação: "Star" simboliza a estrela, que guia e ilumina os caminhos, enquanto o "IA" no meio destaca o foco da empresa em Inteligência Artificial.
A Starian chega ao mercado com uma proposta clara: criar soluções especializadas para setores como construção civil, direito e eficiência operacional. Com mais de 1.500 funcionários, a empresa projeta atender 20 mil clientes até o final de 2025.
A arquitetura da marca Starian é composta por três áreas principais: Indústria da Construção, com soluções como Sienge, Construmanager e Construmarket; Eficiência Operacional, representada por ChecklistFácil e Runrun.it; e Inteligência Legal, com plataformas como Projuris, Deep Legal e Codi/LO.
A
Inteligência Artificial (IA) desempenha um papel central na estratégia da
Starian. A empresa está incorporando a IA em todos os seus produtos e processos, com o objetivo de otimizar operações e melhorar a experiência do cliente. Um exemplo claro dessa aplicação é a geração de orçamentos paramétricos no setor da construção civil.
O processo, que antes levava semanas, agora pode ser feito em minutos, com apenas 0,9% de desvio. “A IA nos permite não apenas otimizar processos internos, mas também entregar soluções mais rápidas e precisas para nossos clientes”, destaca Fernandes.
“Vamos usar nossa experiência para ajudar empresas a se tornarem mais eficientes e modernas. A Starian será a guia para essas empresas, ajudando-as a crescer de forma rápida e sustentável”, diz Ionan Fernandes, CEO da nova marca.
A decisão de separar as operações da Softplan não foi tomada da noite para o dia. Segundo Ionan Fernandes, o processo foi discutido durante meses. “As operações do setor público e privado sempre funcionaram de forma independente, mas agora, com a criação da Starian, vamos poder crescer ainda mais e de forma mais eficiente, com um foco mais direto em cada mercado”, explica Fernandes.
Por ora, não há planos de uma cisão completa das duas companhias, que deverão ter um backoffice compartilhado.