Redação Exame
Publicado em 13 de junho de 2025 às 06h16.
Última atualização em 13 de junho de 2025 às 08h35.
O conflito entre Israel e Irã entrou em uma nova fase de intensificação nas primeiras horas desta sexta-feira, 13.
Israel, em uma ação militar chamada Rising Lion, lançou uma série de ataques aéreos massivos contra várias instalações e lideranças do Irã. O objetivo, segundo autoridades israelenses, foi desmantelar o programa nuclear iraniano e destruir pontos estratégicos de sua infraestrutura militar.
O governo iraniano, por sua vez, já teria iniciado sua retaliação com ataques em território israelense, segundo autoridades de Israel.
A principal causa da escalada do conflito entre Israel e Irã tem sido a crescente preocupação israelense com o avanço do programa nuclear iraniano. Israel, que tem há muito tempo se oposto ao programa nuclear de Teerã, acredita que o Irã está próximo de desenvolver armas nucleares, segundo a BBC.
A acusação de que o Irã acumulara material suficiente para fabricar até 15 dispositivos nucleares em dias foi o estopim para o ataque. O governo israelense, com base em suas informações de inteligência, afirmou que o Irã havia atingido um "ponto de não retorno" no seu desenvolvimento nuclear, justificando a ação militar para evitar uma ameaça existencial. Segundo especialistas, o Irã já possui tecnologia e capacidade para produzir urânio altamente enriquecido (próximo do grau necessário para armas) em poucas semanas, e poderia ter material suficiente para várias armas nucleares em menos de duas semanas
Israel tem alertado sobre os riscos do Irã obter armamentos nucleares, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mencionando publicamente o perigo de um "holocausto nuclear" caso o Irã possuísse essas armas. Além disso, as constantes tensões e apoio do Irã a grupos militantes como o Hamas e o Hezbollah, com intenções explícitas de atacar Israel, alimentaram ainda mais o receio de Israel, de acordo com o Atlantic Council, think tank norte-americano no campo das relações internacionais. Diante da percepção de uma ameaça iminente, o ataque foi visto como a única maneira de interromper o programa nuclear iraniano de forma decisiva.
Os Estados Unidos, tradicional aliado de Israel, adotaram uma postura cautelosa em relação ao ataque. Embora a istração dos EUA tenha apoiado Israel politicamente, não houve envolvimento direto nas ações militares.
O governo de Donald Trump se distanciou do ataque, com o Secretário de Estado Marco Rubio enfatizando que os EUA não estavam diretamente envolvidos na ofensiva israelense. No entanto, os Estados Unidos tomaram medidas de precaução, como o aumento da segurança de suas tropas no Oriente Médio e a retirada de diplomatas do Iraque.
Além disso, a retórica de Trump sobre a importância de negociações com o Irã indicava uma preferência por soluções diplomáticas ao invés de ações militares, algo que não se concretizou devido à ação unilateral de Israel, segundo o site Al Jazeera. Esse afastamento dos EUA reflete a complexidade de sua posição no conflito: embora aliados de Israel, os EUA também têm buscado evitar uma escalada que envolva diretamente suas forças armadas na região, dada a preocupação com as consequências de um conflito prolongado.
A Rússia tem sido um aliado estratégico do Irã, oferecendo apoio diplomático e militar.
Moscou tem interesses significativos na região, especialmente na Síria, onde mantém uma presença militar e reforça sua influência no Oriente Médio. A Rússia tem se mostrado preocupada com a escalada do conflito, embora evite uma intervenção direta. Moscou busca equilibrar suas relações com Israel e com o Irã, já que ambos os países têm um papel importante em seus interesses regionais.
Apesar de apoiar o Irã em sua resistência às pressões ocidentais, a Rússia não deseja uma guerra aberta entre Israel e Irã, pois isso poderia destabilizar a região e afetar suas próprias bases e investimentos, segundo informações do Instituto para o Estudo da Guerra. O Kremlin também se preocupou com as possíveis repercussões para o mercado de energia e os impactos em suas relações com os EUA e a Europa. Por isso, a Rússia tem buscado mediar as tensões, ao mesmo tempo em que mantém uma postura de apoio estratégico ao Irã.
O ataque de Israel provocou uma reação imediata nos mercados financeiros, com os preços do petróleo disparando devido ao risco de interrupção do fornecimento no Oriente Médio, especialmente no Estreito de Ormuz.
A alta no preço do petróleo refletiu o medo de disrupções nas rotas de transporte, afetando não apenas os preços da energia, mas também criando incerteza nos mercados financeiros globais. No entanto, a maioria dos analistas ainda mantém uma previsão base de que o conflito será contido, embora com volatilidade no curto prazo.
O ataque israelense e a retaliação esperada do Irã colocam em risco a estabilidade regional. O Oriente Médio, já afetado por conflitos em várias frentes, como a guerra civil na Síria e a ascensão do Estado Islâmico, agora enfrenta uma nova e significativa crise.
A rivalidade entre os dois países não é apenas uma disputa bilateral, disseram especialistas à Deutsche Welle, mas envolve um jogo geopolítico em que outras potências, como a Arábia Saudita, o Qatar e os Emirados Árabes Unidos, também têm interesses estratégicos, especialmente no controle das rotas de petróleo e gás.
O impacto no mercado de energia, particularmente no petróleo, é um reflexo direto da importância geopolítica da região. O aumento nos preços do petróleo, além de causar distúrbios econômicos globais, afeta diretamente os países consumidores de energia e pode gerar uma maior pressão econômica sobre as economias que dependem das importações de petróleo.