No mundo dos investimentos, consistência e conhecimento valem mais que promessas de ganhos extraordinários. (Reprodução/Getty Images)
Publicado em 10 de junho de 2025 às 17h00.
Com a Selic em 14,75% ao ano, aplicar R$ 10 mil no Tesouro Direto voltou a ser uma estratégia atrativa para muitos brasileiros. Mas qual o rendimento real após seis meses de aplicação? Entre capitalização diária, desconto do Imposto de Renda e eventuais mudanças na taxa básica, o resultado final pode surpreender.
A mágica dos juros compostos acontece diariamente no Tesouro Selic. Cada dia, você ganha juros não apenas sobre os R$ 10 mil iniciais, mas também sobre os juros já acumulados. É como uma bola de neve financeira que cresce de forma constante e previsível.
A grande vantagem do Tesouro Selic é sua flexibilidade. Diferentemente de CDBs com prazo fixo, você pode resgatar seu dinheiro a qualquer momento sem perder rentabilidade. Isso faz dele uma opção interessante para quem precisa de liquidez sem abrir mão de bons rendimentos.
Outro ponto importante é que o título acompanha automaticamente as mudanças na Selic. Se o Banco Central aumentar a taxa durante seu investimento, você se beneficia imediatamente; se diminuir, seus rendimentos também caem.
Aplicando R$ 10.000 no Tesouro Selic com a taxa atual de 14,75% ao ano, em 6 meses (126 dias úteis), você teria um rendimento bruto de aproximadamente R$ 712,00. No entanto, aqui mora o segredo que muitos investidores descobrem tarde demais. O Imposto de Renda no Tesouro Direto segue a tabela regressiva, e em 6 meses você pagará 22,5% sobre os rendimentos. Dos R$ 712 ganhos, aproximadamente R$ 160,20 (22,5%) vão para o Leão.
Seu rendimento líquido real será de R$ 551,80, elevando o total para R$ 10.551,80. Uma rentabilidade líquida de 5,5% em seis meses ainda supera facilmente a poupança e muitos outros investimentos conservadores.
Se você resgatar antes de 30 dias, ainda há o IOF para complicar a equação. Esse imposto decresce diariamente, zerando apenas no 30º dia. Por isso, o Tesouro Selic funciona melhor como investimento de médio prazo, não para emergências de curtíssimo prazo.
A Selic pode não se manter em 14,75% durante todo o período. Se o Banco Central decidir cortar a taxa para 12%, por exemplo, seus rendimentos diminuirão proporcionalmente a partir da data da mudança. É um risco que vem junto com a flexibilidade.
A inflação é outro fator a considerar. Com 14,75% nominais, você precisa descontar a alta de preços para calcular seu ganho real. Se a inflação estiver em 4% ao ano, seu rendimento real seria cerca de 10,34% - ainda assim, uma taxa atrativa.
Para quem busca otimizar os rendimentos, existem alternativas como LCIs e LCAs, que são isentas de IR para pessoas físicas. Embora geralmente ofereçam taxas um pouco menores, a ausência de tributação pode torná-las mais vantajosas no longo prazo.
O Tesouro Selic brilha em cenários de juros altos e incerteza econômica. É uma opção segura para quem quer superar a inflação sem assumir grandes riscos de crédito ou mercado. Para reservas de emergência ampliadas, é difícil encontrar algo melhor.
Tente comparar sempre com outras opções do mercado. CDBs de bancos médios podem oferecer 110% ou 115% do CDI, superando o Tesouro Selic mesmo após o IR. A diferença está no risco de crédito e na liquidez, que pode ser menor.