Economia

'Mudou a arma, mas a vítima é a mesma', diz ex-secretário do Tesouro sobre propostas do governo

Segundo Jeferson Bittencourt, head de macroeconomia do ASA, Ministério da Fazenda concentra medidas em alta de impostos sobre o setor financeiro e não avança em debate estrutural

 Jeferson Bittencourt: para o head de macroeconomia do ASA e ex-secretário do Tesouro Nacional, medidas apresentadas pelo Ministério da Fazenda não mudam dinâmica fiscal do país  (Leo Martins/ASA Investments/Divulgação)

Jeferson Bittencourt: para o head de macroeconomia do ASA e ex-secretário do Tesouro Nacional, medidas apresentadas pelo Ministério da Fazenda não mudam dinâmica fiscal do país (Leo Martins/ASA Investments/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 9 de junho de 2025 às 16h52.

Última atualização em 10 de junho de 2025 às 06h13.

As propostas apresentadas pelo governo para cumprir a meta fiscal de 2025 em substituição parcial da elevação de alíquotas do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) decepcionaram parte do mercado, que espera um debate de medidas estruturais para equilibrar as contas do governo. A avaliação é de Jeferson Bittencourt, ex-secretário do Tesouro e head de macroeconomia do ASA, em entrevista à EXAME.

Segundo o ele, o governo, mais uma vez, centrou as medidas somente em aumento de impostos que recaem sobre o sistema financeiro, assim como proposto no decreto presidencial que eleva o IOF.

“Mudou a arma, mas a vítima é a mesma, o sistema financeiro”, afirmou Bittencourt.

Falta de ambição do governo

O governo, disse Bittencourt, foi pouco ambicioso em termos de propostas, não conseguiu convencer os parlamentares a debaterem medidas estruturais e não tem o compromisso do Congresso de que as medidas serão aprovadas.

“O governo mostrou pouca ambição em termos de propostas e foi pouco efetivo sobre o tamanho dos acordos fechados. O presidente da Câmara, Hugo Motta, já disse que não tem compromisso com teor da Medida Provisória que será enviada ao Congresso. A reação do mercado não está sendo boa e isso explica essa situação”, disse.

Corte de despesas ainda incerto

Para Bittencourt, a reação do mercado seria melhor se o conjunto de medidas apresentado pelo governo envolvesse medidas não recorrentes, de curto prazo, somado a um conjunto de propostas estruturais.

Entre elas, o economista citou a redução de gastos com emendas parlamentares, com a complementação do Fundeb, o debate sobre mínimos constitucionais para saúde e educação, além do corte de benefícios tributários.

“Parece que o que as medidas continuam concentradas no setor financeiro e não a por uma solução estrutural. E o que poderia ser uma solução estrutural ou contribuição mais forte para um ajuste fiscal foi jogado para frente, em termos de receita e de despesas”, disse.

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